DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO CONCETUAL DO eLEARNING
Todos com certeza já ouvimos falar de formações em
regime de e-Learning. Mas em que
consiste efectivamente este modelo de educação? Qual o papel do formador neste
tipo de modelo? Como devemos encarar a concepção de conteúdos? Qual a forma de
participação que os formandos devem adoptar?
O ensino a distância mediado pela utilização das
tecnologias de informação e comunicação é uma realidade. A Internet, veio tornar
obsoleto o ensino a distância através de meios como o correio ou a televisão, utilizados
há algumas décadas atrás. A sua capacidade de disponibilizar, em qualquer
momento, repositórios de conteúdos, recursos multimédia e, de permitir
comunicar ou participar em eventos de modo síncrono, ultrapassa largamente tudo
o que se fazia em matéria de ensino a distância.
No entanto,
ensinar e aprender online e a distância é muito mais do que transpor para um
novo meio, os velhos recursos e atividades presenciais. Ally (2008) refere que
a aprendizagem online supõe o uso da web em atividades orientadas por objetivos
educacionais e rejeita a ideia de que a mera publicação de informações e
conteúdos de um curso na web, possa ser considerada ensino online. Prevê-se
assim, que na educação a distância online encontremos a ambicionada
flexibilidade temporal e espacial, a autonomia e a mediação tecnológica, mas
que cumulativamente, esta se caracterize por uma dimensão interpessoal, social,
de colaboração e interação.
É neste contexto que surge o e-Learning, como um processo social de ensino a distância, usando
como intermediários os recursos tecnológicos que permitem a comunicação a distância.
De acordo com Gomes (2005), o e-Learning, do ponto de vista tecnológico está
associado e tem como suporte, a Internet e os serviços de publicação de
informação e de comunicação que esta disponibiliza, e do ponto de vista
pedagógico implica a existência de um modelo de interação entre professor-aluno
(formador-formando), a que, em certas abordagens, acresce um modelo de
interação aluno-aluno (formando-formando), numa perspetiva colaborativa.
Gomes (2005) refere, a este propósito, que o “e-Learning é frequentemente perspetivado
como uma extensão da sala de aula no espaço virtual da Internet”, o que
dificulta a limitação da amplitude do conceito, na medida em que a
disponibilização on-line de informação relativa à atividade pedagógica (como
por exemplo, sumários de aulas, normas de avaliação, entre outros) é frequente
e erradamente designada de e-Learning.
O e-Learning
distingue-se assim pela capacidade de proporcionar novos modelos de
educação/formação a distância, sustentados nas novas tecnologias da informação
e comunicação da web, usufruíndo das
suas potencialidades ao nível da interação proporcionada, que permitem ultrapassar algumas das
dificuldades associadas aos modelos de educação a distância anteriores. Neste
contexto, o e-Learning reveste-se das
vantagens decorrentes do facto de ser um ensino não presencial que, para além
das óbvias acessibilidade e flexibilidade, permite colocar a enfâse das
estratégias no aluno. Neste modelo, o aprendente é chamado a assumir uma atitude
mais autónoma, responsável e ativa em relação à sua aprendizagem e à construção
do seu conhecimento, uma vez que os conteúdos (recursos de aprendizagem) se
encontram sempre disponíveis e a ele cabe o controlo, a organização, a condução
e a decisão sobre o método de estudo (Santos, 2000). Quanto ao professor,
compete-lhe agora o papel de facilitador da realização de aprendizagens
significativas, decorrentes de propostas de atividades inspiradoras e
pertinentes, colocando questões, propondo novas formas de resolução das atividades,
dinamizando e promovendo o debate e a crítica e ainda construindo materiais e
recursos pedagógicos diferenciados e apelativos. Cabe-lhe ainda estimular o
contacto e a interação entre os aprendentes, proporcionando situações
potenciadoras de aprendizagens colaborativas e promovendo a partilha de
conhecimentos e de reflexões, uma vez que é nas interações e na produção
conjunta de conhecimento que encontramos um significado mais profundo e
diferenciador do que é o e-Learning.
Mas, em relação a este modelo de educação online estão
identificados por vários autores também alguns constrangimentos. Destaco,
enquanto professora de Cursos Profissionais e Cursos de Educação e Formação, o
proporcionar uma relação professor/aluno diferente da tradicional sala de aula,
com a inexistência de interação física ou presencial entre alunos e entre
alunos e professores que pode, no meu entender, dificultar a socialização e a
criação de vínculos relacionais. Refiro também as limitações a nível social e
afetivo, devido à ausência de interação presencial e troca direta de
experiências entre professor e aluno e entre alunos, que dependendo da faixa
etária dos mesmos, poderão conduzir à sensação de algum isolamento e
consequente desmotivação. Como professora de Física – Química, julgo ainda que
o e-Learning, como processo de
ensino e aprendizagem a distância, pode apresentar limitações no ensino e
aprendizagem de matérias que envolvam uma forte componente prática ou
laboratorial, mesmo reconhecendo que através das ferramentas e dos recursos
disponíveis (ou construídos) hoje, essa componente possa vir a ser reforçada
virtualmente. Tal minimizá, certamente, os efeitos indesejáveis de uma
componente menos prática.
Alguns autores apontam ainda como desvantagem do e-Learning as eventuais dificuldades ou
falhas técnicas decorrentes da dependência das ferramentas tecnológicas usadas
mas, das leituras por mim efetuadas, depreendo que no atual universo de
utilização do e-Learning essas
falhas não são tão significativas quanto os menos apologistas deste método
possam tentar fazer crer.
Termino constatando que existem vários graus de
implementação do e-Learning,
consistindo, no entanto, a sua forma mais simples, na criação de um repositório
de materiais pedagógicos usados em aulas presenciais que, assim, ficam
disponíveis para consulta pelos alunos, fora do espaço físico da escola. No entanto, há situações em que para ir ao
encontro das necessidades específicas, de acordo com os objetivos e o
público-alvo, se faz a implementação em regime misto, ou seja, articulando as
componentes online e presencial. Surge, assim, o blended-Learning que emerge neste contexto como um modelo de
ensino-aprendizagem misto (presencial e a distância) integrador de diversas
tecnologias e metodologias, e que indo ao encontro das necessidades específicas
de cada ator deste processo, permite acreditar na reunião do melhor dos dois
mundos.
Mas, sobre b-learning,
debruçar-me-ei mais tarde, noutro post!
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