FLIPPED CLASSROOM …. A MINHA SALA DE AULA EM CASA DOS MEUS ALUNOS





No universo de abordagens que o Blended Learning pode assumir, venho hoje refletir sobre as Flipped Classroms (salas de aula invertidas), cuja metodologia, de forma não muito estruturada, tenho adotado em alguns contextos na minha prática letiva enquanto professora na Etap.

As flipped classrooms ganharam forma em 2007, nos Estados Unidos, quando um professor de Química, Jonathan Bergman e um colega procuravam soluções para ajudar alunos que faltavam às aulas por se encontrarem doentes. 
Curiosamente, também tem sido este um dos contexto em que tenho recorrido a este modelo, pois não é novidade para nenhum professor, que no modelo de ensino presencial atualmente dominante nas escolas secundárias e profissionais, a ausência de um aluno a uma aula pode compromete a sua aprendizagem relativamente aos conteúdos lecionados no período da sua ausência, e consequentemente, colocar em risco a sua aprendizagem futura.

Mas o que é uma “sala de aula invertida”? O que traz de novo? Que vantagens?
Neste modelo os alunos interagem com os conteúdos programáticos em casa, antes de virem para a aula, através de tecnologia que lhes proporciona o acesso a materiais e recursos pedagógicos disponibilizados pelos docentes. Esse contacto propõe substituir a exposição teórica de matérias tradicionalmente feita pelo professor e pode consistir em leituras e análises de textos, visualização de filmes (criados pelo professor ou não) ou noutras atividades. Aos alunos é dada assim autonomia para procurarem a informação e planificarem o seu trabalho, de modo a que, posteriormente, o tempo da aula seja aproveitado para uma maior diversidade de tarefas como debates, esclarecimento de dúvidas ou correção de trabalhos.


A sala D3 (Laboratório de Química da Etap onde leciono as minhas aulas) invertida...
Sendo a Etap uma escola que ministra maioritariamente Cursos Profissionais, caracterizados por estabelecerem rigorosos parâmetros de assiduidade aos alunos, a adoção desta metodologia tem vindo ,de facto, a mostrar-se uma estratégia eficaz na superação de lacunas ao nível da aquisição de conteúdos, quando os meus alunos faltam às aulas. Apesar de conseguir identificar alguns constrangimentos, nomeadamente ao nível do acesso às plataformas digitais em casa, por ausência dos recursos necessários e à falta de responsabilidade e maturidade de alguns alunos em relação ao seguimento das orientações por mim emanadas e ao cumprimento de prazos para a realização da sua auto-aprendizagem, tenho verificado que a mudança do meu papel central no ensino e a sua passagem para o aluno, enquanto responsável pela sua aprendizagem, se tem revelado bastante eficaz. Verifico até, que ao orientar o estudo de alguns dos meus alunos em relação a certas matérias, sem limitar rigidamente esse estudo ao nível do tempo e do local onde o realizam, tal os motiva e conduz a explorarem de uma modo mais tranquilo, motivado e alargado alguns conteúdos, surpreendendo-me quando regressam à sala de aula na escola e permitindo-me, também a mim, a aprendizagem de novas abordagens e o conhecimento de outros ambientes digitais ou virtuais.
Apenso ainda outra experiência que fiz, integrada na minha tentativa de recuperação da assiduidade e aprendizagem de uma aluna que, doente, se encontrava apenas fisicamente impossibilitada de estar na escola. A aluna assitiu e participou em direto na aula, por videoconferência, criando-se assim a oportunidade para a mesma expor e ver respondidas, mesmo estando em casa, dúvidas e questões relativas a uma atividade laboratorial que eu realizava com os colegas nesse dia e a essa hora na escola. Ressalvo que esta situação surgiu por haver um colega que, pesquisando no seu telemóvel  o nome científico de um reagente necessário à atividade experimental que nos propúnhamos realizar, me perguntou se podia responder a uma mensagem da colega que, ausente, o questionava em relação ao que estava a acontecer na aula àquela hora.
Concluo, referindo que ao tornarem-se responsáveis pela pesquisa, recolha e sistematização de informação, bem como pela resolução de problemas e pelo encontrar de  soluções para a construção do seu conhecimento, os alunos não só desenvolvem a sua autonomia, como, se bem orientados para tal, fortalecem o seu espírito crítico e aprendem a trabalhar em equipa, competências estas, hoje mais que nunca, ambicionadas pelo mercado de trabalho que os recebe num futuro muito próximo.

Nota: Em Portugal já decorrem algumas experiências associadas a esta metodologia 
(https://observador.pt/2016/09/13/e-se-a-sala-de-aula-desse-uma-cambalhota/)

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